FONTE – CONSTRUINDO A HISTORIA
STPM JOTA MARIA - MOSSORÓ-RN, 18 DE OUTUBRO DE 2021
FONTE – CONSTRUINDO A HISTORIA
Cônego Deoclides de Brito Diniz foi pároco de
Jucurutu, Cerro Corá, Serra Negra do Norte e Acari. Bom garfo, quando jovem,
muito obeso, exibia uma barriga semelhante a de uma mulher grávida. Era vigário
de Cerro Corá nos tempos de Sérvulo Pereira. Ali, foi mordido por uma cascavel.
Na cidade não havia hospital. O prefeito, num gesto humanitário, o internou na
maternidade local e mandou colocar uma placa à porta do apartamento: “Aqui
descansará o vigário da cidade”. Monsenhor Paulo Herôncio de Melo, pároco de
Currais Novos, advertido por Sérvulo Pereira, avisou de imediato ao bispo de
Caicó, com este telegrama lido na reunião do clero seridoense, que estranhava a
ausência do colega: “Deoclides na maternidade, passando bem”.
02) Monsenhor Expedito Sobral de Medeiros era um
santo homem. Alegre, brincava com todos. Também, bonachão, simples e amigo dos
pobres de São Paulo do Potengi. Um paroquiano seu era conhecido como José Bufão
por conta dos seus flatos incontroláveis. Não respeitava nem mesmo o templo
sagrado ou a matriz da cidade. Ninguém queria ficar perto do aludido católico
durante a missa. Todos reclamavam do seu odor. Certa feita, ele perguntou a
Expedito se era pecado soltar os seus puns na igreja. O vigário, na sua
proverbial compreensão de pai e pastor respondeu com esta frase memorável:
“José, você pode soltar suas bufas, mas tome cuidado para não apagar as velas
do altar...”.
03) Monsenhor João Penha Filho, nos seus primeiros
anos de sacerdote, foi vigário paroquial de Currais Novos, curando Lagoa Nova e
Cerro Corá. Desde a criação da diocese de Caicó, dom Marcolino sempre cedia um
padre ao bispado seridoense carente de sacerdotes. Por lá passaram padre
Expedito Medeiros, Mário Damasceno, José Biesinger, Estanislau Piechel, Alcides
Pereira e João Penha. Este – imitando o gesto de monsenhor Emerson Negreiros –
diante da carência do povo e na ausência de profissionais de saúde, receitava e
dava remédios. Todos sabem que o padre Penha tem um problema de pronúncia, que
torna sua fala sibilante e chiante. Num dia de feira, em Lagoa Nova, após os
batizados e casamentos, começou seu atendimento médico. No seu consultório
improvisado, entrou um matuto para a consulta. Após o exame e a anamnese, o
vigário Penha lhe dá o diagnóstico: “O xenhor tá com xífilis e não pode se
aproximar de sua mulher”. O camponês foi em casa buscar uma arma. O delegado
local, o sargento Chacon foi chamado e perguntou ao camponês: “O que está se
passando?”. O paciente espavorido: “O vigário disse que eu tava com chifre e
não se aproximasse de minha mulher, que é muito séria”. O matuto queria matar a
mulher e até o delegado, não entendia o que dizia o padre. Teve então a
brilhante idéia de pedir para ele escrever o diagnóstico e o sacerdote
rascunhou a palavra SÍFILIS para o alívio de todos.
04) Cônego Deoclides de Brito Diniz, era de um
coração bondoso, homem simples, generoso, humilde, dedicado à Igreja, amigo dos
pobres e bom conselheiro, no entanto não primava pela beleza física. Na
campanha de Dix-Sept Rosado, era vigário de Jucurutu. O vice-prefeito era o
velho João Medeiros, que apoiava doutor Abílio Medeiros (genro de José Bezerra
do Serrote e concunhado de Stoessel de Brito), candidato a deputado estadual.
Este, nos dias de feira ia consultar seus eleitores. A medicação (conforto ou
consolo como chamavam os matutos) por sugestão do vice-prefeito (com
experiência de outras campanhas) era a seguinte: a) para homens: sempre
Biotônico Fontoura; b) para as mulheres: regulador uterino Xavier 1 ou 2
(excesso e escassez), respectivamente para donzelas e mulheres casadas. Após
ouvir as queixas dos pacientes, o médico Abílio entregava a receita, após a
tradicional pergunta: “casada ou solteira”. Deparou-se diante de um caso
singular. Veio pedir consolo ou conforto uma viúva, jovem, bonita e carente.
Abílio não havia previsto tal situação. O velho João Medeiros sugeriu então que
a encaminhasse para o padre Deoclides dar-lhes alguns conselhos. Disse, então,
o médico à paciente viúva: “Senhora, vá procurar o padre Deoclides, que ele lhe
dará o consolo adequado”. A pobre viúva respondeu incontinenti: “Diante de
tanta feiúra, doutor, prefiro morrer tuberculosa ou desfalecida”.
Mesquita.valerio@gmail.com
O monsenhor Deoclides Brito Diniz, natural de Caicó , estado do Rio Grandedo Norte , nascido no dia 11 de maio de 1922. Em 1938, após co...